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"Do mesmo modo que no início da primavera todas as folhas têm a mesma cor e quase a mesma forma, nós também, na nossa tenra infância, somos todos semelhantes e, portanto, perfeitamente harmonizados".
Arthur Schopenhauer
Na cena fantástica que encerra o clássico "Sétimo Selo", de Ingmar Bergman, vemos uma silhueta negra contra o céu luminoso, a terrível Morte conduz em passo de dança seu rebanho variado. Cavaleiros e plebeus, velhos e jovens, todos enfim nivelados pela verdade lacônica escrita sobre o portão do cemitério suíço de Céligny: "Ici l' égalité", "Aqui, a igualdade".
Se lembrarmos dos murais dedicados à peste negra do século XIV - o tema da dança é frequente - e a obra-prima "O triunfo da Morte", do Camposanto de Pisa, utiliza o deboche - "comamos e bebamos, pois amanhã morreremos" - a imagem evoca o inútil desespero diante da inevitabilidade da ciranda infernal que contamina, um após outro, todos os viventes.
Quando filosofamos acerca deste sombrio quadro, deduzimos que algumas escolhas, decisões, sentimentos e emoções que temos no nosso dia a dia não se justificam. A vida é breve!
Por exemplo, no ambiente universitário, é comum vermos professores que só criticam os alunos. Outros professores que utilizam os seus orientandos como "funcionários" nos seus projetos de pesquisa e descartando-os assim quando não são mais úteis. Há outras situações constrangedoras e frequentes que envolvem alunos e servidores - no ambiente universitário - como intolerância, fundamentalismos, bullying e o cancelamento.
Já presenciamos a "espada implacável" dos "justiceiros sociais" através dos seus variados mecanismos, instrumentos e redes. Estas espadas punitivas vitimam jovens universitários, arruínam carreiras, reputações e principalmente colocam em xeque a ideia de que a Academia deveria ser um espaço plural, aberto, receptivo, convidativo a diferentes ideias, saberes
e conhecimentos.
No final das contas, como diz o saudoso escritor francês Victor Hugo: "a vida não passa de uma oportunidade de encontro; só depois da morte se dá a junção; os corpos apenas têm o abraço, as almas têm o enlace". Por fim, nesta ideia de que "todos somos iguais no início e fim da nossa existência", acreditamos e seguimos o seguinte "mantra": "Não me importa
quem está se saindo melhor do que eu. Estou melhor do que no ano passado. Sou eu contra eu mesmo"
José Renato Ferraz da Silveira é professor Associado III da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) jreferraz@hotmail.com. Gideon Henrique Gonçalves Maciel é estudante de Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Maria gideon.maciel@acad.ufsm.br